Em meio aos altos índices de desemprego no Brasil, o país surpreende e bate recorde em pedidos de demissão. O que isso significa e o que podemos extrair desse dado? Pega um café para acompanhar essa discussão e vem comigo!
O país registrou quase 6,5 milhões de pedidos de demissão nos últimos 12 meses até julho deste ano entre os trabalhadores com carteira assinada. Esse número equivale a 32,4% do total de desligamentos de trabalhadores no período (19,984 milhões). Ou seja, a cada 3 desligamentos que aconteceram, 1 foi voluntário. Esse levantamento foi feito pela LCA Consultores e utiliza os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Esses números podem levantar dúvidas ou até mesmo uma errônea noção de incoerência: “Se o desemprego está tão acentuado, por que tantas pessoas estão pedindo demissão?”. Mas a equação não é assim tão simples, entender o panorama do mercado de trabalho brasileiro requer um raciocínio mais aprofundado, afinal ele não é para amadores.
Antes de te apresentar os motivos para essas demissões, você sabia que essa história já se repetiu em outros países? Pois é! Em maio de 2021, os Estados Unidos vivenciaram a “The great resignation”, traduzida como “A grande renúncia”, onde foi percebido um movimento de demissões voluntárias semelhante ao do Brasil.
No caso do país norte americano, foi verificado que se tratavam de pessoas colaboradoras qualificadas, geralmente em busca de uma nova carreira e melhores condições de trabalho. E no Brasil, podemos confirmar esse perfil também? Bom, a informação que temos em mãos é que essas demissões brasileiras estão vindo principalmente de setores mais aquecidos, como o de TI.
Bom, agora que você já tem um bom contexto do que está acontecendo, vou elencar alguns motivos que podem ter influenciado essas demissões. Confira:
Virada de chave para a pessoa colaboradora
A pessoa trabalhadora brasileira tem valorizado cada vez mais, o trabalho além do salário. Pesquisas indicam que os profissionais têm avaliado outros fatores como conexão com o propósito de vida, oportunidades de desenvolvimento na carreira, liderança inclusiva e o impacto do trabalho na sua qualidade de vida.
Além disso, outro fato perceptível é que no auge da pandemia da Covid-19, muitas pessoas aceitaram empregos para os quais elas são “overqualified”, ou seja, qualificadas demais para o serviço. Elas fizeram isso por notar um momento de instabilidade, com o objetivo de garantir minimamente um sustento, ainda que não fosse o trabalho perfeito.
Agora que o cenário está começando a normalizar e novas oportunidades estão surgindo, faz parte do movimento natural dessas pessoas irem atrás de cargos e rotina de trabalho mais adequadas, que façam sentido para o plano de carreira de cada um.
Retorno ao trabalho presencial
Outro fator que pode ter servido de gatilho para esses pedidos de demissão foi o retorno ao trabalho presencial. Muitas pessoas nunca tinham testado a modalidade de trabalho remoto antes da Pandemia do Covid-19, e acabaram se descobrindo nesse formato.
Ao voltar ao presencial, perceberam que o investimento de tempo além do trabalho, não faria sentido para o seu momento de carreira, optando assim por buscar novas oportunidades com atuação remota ou com alta flexibilidade. Prova disso é o ranking de demissões, que mostra atividades administrativas, técnicas de informação e comunicação no topo, áreas que permitem uma atuação à distância.
Dificuldade na retenção de talentos
O último ponto e não menos importante é o seguinte: boa parte das empresas brasileiras ainda precisam avançar muito para conseguir manter seus talentos. Sabemos que algumas organizações têm investido cada vez mais nisso e feito um trabalho realmente louvável, como é o caso da Nubank e Magazine Luiza.
Contudo, muitas organizações ainda não se atualizam, cultivando uma noção antiquada de que estão fazendo um favor à pessoa contratada, quando na verdade estamos falando de uma situação onde as duas partes devem ser beneficiadas.
A verdade é que retenção de talentos é sinônimo de valorização de talentos, e uma empresa que preza por isso deve trabalhar questões como: plano de carreira, cultura de feedback, cultura de diversidade e inclusão, flexibilidade e programas voltados para segurança, saúde e bem-estar no ambiente de trabalho. Essas ideias devem sair do papel e partir para ação!
O mercado de trabalho mudou e nós precisamos acompanhar essas transformações 💡
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